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Película ecológica para telhados pode substituir ar-condicionado (EXAME.com)

Enquanto refresca você, o ar-condicionado produz gases que deixam a Terra mais quente. Mas esta invenção com ares futuristas pode aposentar o velho aparelho.

São Paulo — Diante das altas temperaturas do verão, são raras as pessoas que deixam de usar aparelhos de ar-condicionado, se contam com essa possibilidade. O problema é que, se o luxo é caro para os consumidores, seu preço é ainda mais alto para o meio ambiente.

É um paradoxo: enquanto refresca você, a máquina deixa a Terra mais quente. O motivo está na emissão de dois tipos de gases estufa, ligados ao aquecimento global — o dióxido de carbono, liberado pelas geradoras de energia elétrica, e os hidrofluorcarbonetos (HFC), usados na refrigeração em si. Saiba mais: O Brasil pode crescer sem agredir o ambiente?

Segundo artigo publicado nesta semana pela revista acadêmica “Science”, dois pesquisadores da Universidade do Colorado encontraram uma alternativa “verde” para refrigerar ambientes sem esquentar o resto do planeta.

A invenção de Ronggui Yang e Xiaobo Yin soa futurista: uma película capaz de refrescar prédios sem usar nenhum tipo de gás refrigerador — e, o mais impressionante, sem gastar energia.

De acordo com a revista “The Economist”, o filme pode ser produzido com métodos tradicionalmente empregados pela indústria e com custo em torno de 50 centavos de dólar por metro quadrado.

Como funciona?
O poder da película desenvolvida por Yang e Yin tem a ver com um processo chamado de refrigeração radiativa. O princípio parte de um dado natural: a atmosfera da Terra permite que certos comprimentos de onda infravermelha, que carregam calor, escapem para o espaço sem obstáculos. O que os cientistas fizeram foi converter o calor indesejado em radiação infravermelha no exato comprimento de onda que o planeta manda para fora.

O método não é novo. Em 2014, pesquisadores da Universidade de Stanford criaram um material à base de silício que cumpria a mesma função. O problema é que ele era muito mais caro e difícil de fabricar.

Já o filme inventado pelos pesquisadores da Universidade de Colorado é feito de polimetilpenteno, um plástico transparente e disponível comercialmente, com a adição de pequenas pedrinhas de vidro. O material é transformado em lâminas com espessura de 50 micrômetros ou milionésimos de metro, e revestido de prata em apenas um dos lados.

Ao colocar a película sobre o telhado de uma casa, o lado prateado deve ficar por baixo. A luz solar é refletida pela face prateada através do plástico, o que impede o aquecimento da casa. Além disso, o calor interno é liberado para a atmosfera graças a uma complexa relação entre o diâmetro das pedrinhas de vidro e o comprimento das ondas que escapam para o espaço.

Segundo a revista “The Economist”, o poder de refrigeração da película é de 93 watts por metro quadrado, em caso de incidência direta de luz solar. À noite, o efeito é mais potente. De acordo com os pesquisadores, cerca de 20 metros quadrados do filme são suficientes para manter a temperatura de uma casa comum em 20°C num dia em que os termômetros marcam 37°C.

O sistema não precisa de eletricidade, embora exija um complemento que não funciona sem força. Para regular os níveis de refrigeração, seria necessário incluir um encanamento para carregar o calor da casa para o filme e assim manter a temperatura interna estável. As bombas de água provavelmente exigiriam energia elétrica, mas em pequena quantidade.

Por Claudia Gasparini (EXAME.COM)

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